Com o rei na barriga
Naquele ano o leão não tinha rugido nenhuma vez mais. As rochas pelo caminho, obstáculos, mais pareciam pedrinhas. Tinha pedrinhas de nariz em pé, pedrinhas que mal a olhavam, pedrinhas que fingiam que ela era invisível e insignificante. De repente era tão fácil descartá-las! Ainda incomodavam um pouco, mas a dor não era mais presente, havia só um quê de tristeza e lamento. Chutá-las, pois. Ela, que agora tinha mesmo o rei na barriga, se desfazia das pedrinhas como quem não quer nada e querendo tudo. Ela, a deusa dona de sua vida, mesmo sentindo que vestia um manto um pouco pesado, um pouco apertado, um pouco afobado demais: a vida era assim. Ela sentia seu rei na barriga, talvez fosse uma princesinha e nada mais importava. Era egoísmo ou altruísmo importar-se só com seu rei na barriga? Lembrava-se da dor que na juventude toda suportara, a dor da rejeição, da agonia das paixões e amores nunca recíprocos. de repente havia seu rei, a pessoinha que nem nascera e já estava lá, sendo o...