PORK
Surtou um dia. Não era mais sujeito. Surtou, dizem, mas não é como eu vejo o que aconteceu. A gota d’água foi ao sair numa sexta de manhã bem cedo para trabalhar e ver um caminhão carregado de animais parar na frente de um açougue. Viu o carregador descer com os pobres animais recém-abatidos, cortados da calda ao focinho, e entrar no açougue com os pobres carregados como qualquer carga, qualquer coisa. Estatelado com a cena, lembrou-se dos documentários que vira sobre o abate de animais, sobretudo de pobres porquinhos. Não eram animais livres, desde o nascimento eram mantidos enjaulados. Não comiam o que a natureza lhes proporcionou, era ração de engorda, alguns mau andavam por causa do rápido peso que ganhavam. Ao morrer, as piores torturas: choques, chutes, socos, tiros, sangramentos. Ah, como bacon cheira bem, não é? Ah, um torresmo, uma feijoada! Não! ... lembrou-se das reuniões em família que tinham se tornada para ele uma tortura depois que optara por ser vegetariano ...