Eliminações.


Eu estava sentada esperando pra entrar no laboratório de informática, pra fazer o simulado do exame TOEFL, esse exame que prova sua proficiência na língua inglesa - ou falta dela - e que é aceito e exigido em universidades do mundo todo. Estava de mau humor, mas me acalmei. Depois de fazer a prova, ainda tinha vontade de chorar, mas foi um alívio grande. Passou. Passei? Ainda não sei, só no final do mês. Final do mês, resultado e diploma prontos. Lá vou eu para Flórida? Veremos...
E, ainda sentada lá fora, antes da prova, conversava com duas calouras minhas... Uma dela comentou que depois dessa prova, tinha a entrevista, em que a professora CP iria dizer o quanto precisavamos ter no bolso pra ir de fato para a Flórida, e aí isso ia eliminar muita gente. A mim, por exemplo. Claro que tenho a quem ou a que recorrer, empréstimos, financiamentos e tudo. Graças a Deus, posso conseguir alguns empréstimos, no aperto, mas quem sabe vou à Flórida. Esse negócio de eliminação me inibe, me põe pra baixo; apesar de estar trabalhando, ainda moro no alojamento e passo uns apertos. Eu seria eliminada, mas dei a cara a tapa e fui lá fazer a prova, pela qual paguei R$50. Mandei tirar passaporte, R$156,07. gastei muito, mas ainda bem que pude fazer isso agora.
Eliminação, exclusão, bulling. É, ainda tá correndo a história do Wellington, akele assasssino, akele fdp, akele doido.
Eu fui excluida na escola muitas vezes. Eu queria aprender a jogar vôlei, mas preferia ter tido aulas particulares do que todos akeles olhares reprovadores em cima de mim quando eu mal sabia pra onde jogar a bola. Quando eu era a última a ser escolhida para os times, a contragosto da "chefe" da vez, alguma menina que estivesse apontando o dedo pra escolher as "melhores". Amava a escola, mas preferia nem sair da sala na hora do recreio pra não ver os mesmos olhares de reprovação com o meu modo de andar, o meu modo de vestir. Só lembravam de mim na hora da prova, nerd q eu era - ou assim me chamavam.
Só se lembraram que Wellington existia agora, que ele matou pra aparecer, pra chamar a atenção e dizer, ei eu exito e tenho um problema! tive problemas na escola! preciso dizer a alguém, mas como sei que não me ouvirão, eu me calo pra sempre depois. Horrível atitude. As crianças mortas nada tinham com aquilo. Mas ele viu no rosto delas os mesmo olhares de repovação da sua época na escola. Talvez os mesmos olhares que eu também percebia.
A gente se fecha e deixa passar, ou acumula aquilo dentro. Depois explode de um jeito que não tem volta, não tem controle. Eu, agora, consciente disso, posso procurar um psicólogo, amigos, falar. Mas Wellington não estudou num a universidade que talvez lhe proporcionaria uma visão melhor de seu mundo restrito. Talvez tudo tivesse sido diferente.
Condenável o que fez? Completamente! Merecia sim uma punição. Ele se puniu. Ele se foi e deixou a carta, aquelas coisas todas estranhas escritas. Deus, fé, como assim? é, ele tinha uma fé, mas não teve direcionamento suficiente para que sua fé superasse suas dores, pra que tivesse esperança, pra que pudesse se curar de suas mágoas.
Sinto pelas crianças, sinto por ele. Agora tem mais um monte de crianças traumatizadas, as que presenciaram as mortes. Que fazer por elas?
Na época da minha escola, nada foi feito por mim pq eu passava despercebida, a quietinha, a estudiosa. Rótulos. Perigo. Bullying. Perigo.

Bom, eu fiz o TOEFL e tenho a chance de mudar de ares, de ver outro mundo, ampliar minhas experiências e visões. Graças a Deus pela chance, ainda que eu não vá. Bom, mas não deve ser tudo tão restrito assim. Eu estou arriscando, sem muita condição financeira. Os que não tem condições geralmente são excluídos. A gente tem q ir atrás, mas tem que achar portas abertas também, pra todo mundo, sem exceção. Sem eliminações. Sem condenações. Mais ações, masi políticas educacionais, de seguirança, enfim, aquele papo todo que a gente sempre fala, que até vira clichê, mas que não sai das cabeças e do papel.  Quanta ameaça, quanto perigo. Oremos, mas ajamos também. Bye.

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