Dossiê das minhas dores - físicas e emocionais
Nossa Senhora das Dores |
Ainda sinto uns tremeliques, resquícios das dores da madrugada. Desde sexta, quando o dentista me liberou da placa, senti umas dorzinhas q iam e vinham. Aumentaram bem e ontem, só veio uma dor aguda pra ficar. Na primeira parte da noite, o sono venceu, mas acordei no meio da madrugada com vontade de socar meu próprio rosto. Nada pior que uma dor de dente no meio da madrugada, em que vc não sabe o que fazer. Não tive alternativa a não ser ir ao hospital. Preenchimento de papelada, atendimento inicial por uma enfermeira que, infelizmente, não podia me receitar nada, e disse que eu aguardasse o atendimento médico, que poderia demorar, apesar de não ter ninguém nakela p* dakele hospital akela hora...esperei. Alguns minutos depois, pra minha sorte, o médico apareceu, tossindo, com cara de sono. Fiquei com pena dele, devia estar há horas lá no hospital... vida dura. Me perguntou o que tinha, expliquei, perguntou se eu queria injeção pra dor, balancei a cabeça afirmativamente, me passou uma receita e me encaminhou a um enfermeiro, que me aplicou a bendita injeção, coisa que me permitiu dormir tranquilamente. Meu dente ainda dói se eu encostar nele, mas a dor mais aguda já se foi. Tenho que voltar ao dentista.
Passei por outro tipo de dor ontem, mas também deve ser efeito da minha TPM: sexta-feira, lá vem ela! Um ex com a vida encaminhada, a namorada querendo casar. Disse a ele que casasse, que fizesse isso por mim - ai seria um ex, um passado de vez na minha vida. Vai lá, sortudo - ele não acha que seja, é um homem neh, não tem visão das coisas - vc tem tudo que eu queria, eu disse a ele... chorei. Chorei muito mais pelo meu dente, mas as dores se misturavam. A dor sempre fez parte de mim.
Aos 13 anos, acordei numa madrugada com cólicas insuportáveis, minha mãe do meu lado esperando o grande momento, mas nada veio, eram só cólicas, uma prévia do que viria pra mim nos próximos anos. No ano seguinte, mestruei mesmo, e nada senti, só um leve incomodo com o absorvente nunca antes usado, essas coisas. Depois, as cólicas começaram e tive que começar a tomar pílula recentemente para controlar. Minha salvação!
Ainda mais nova, desenvolvi uma dermatose ou dermatite, alergia nas mãos que deixava meus dedos cheios de bolhas que inflamavam e ficava uma coisa muito feia, pútrida e extremamente dolorosa. Minha mãe uma vez, nervosa com a situação e minhas constantes reclamações e falta de atitude, pegou minhas mãos altamente doloridas e inflamadas, enfiou embaixo d'água e, com um pano, foi limpando tudo, sem dó. Eu gritava e chorava, ela também, mas continuou o que tinha que fazer. Sofri durante muito tempo com essa alergia, que me ameaça ainda agora.
Outras dores que tive/tenho: já tive que parar no meio da rua por conta de uma dor intestinal forte, que não me deixava andar, simplesmente; já senti dores nos pés que me faziam mancar, dores nas costas que não me deixam dormir em qualquer colchão ou travesseiro... e até hoje não sei se essas dores são piores do que as emocionais. Passemos a elas, hoje eu preciso falar...
Meu pai um dia me presenteou com um belo relógio azul, o qual eu namorava na vitrine há algum tempo. Mas no primeiro diz que o usei na escola, lasquei ele contra a parede, acidentalmente. Minha primeira decepção comigo mesma, como pude ser tão relapsa? chorei durante todo o caminho de volta pra casa. O relógio estava inteiro, quem olhasse de longe nada veria, mas eu entrei em desepero por tê-lo "estragado". Meus pais me viram em prantos ao chegar em casa e até hoje devem achar que eu usei o relógio como desculpa para outra coisa que possa ter acontecido.Mas foi pelo relógio mesmo.
Eu tinha uma elefoa, (elefanta, elefante-fêma?) que ganhei axu q de minha avó. Isso já contei aqui, mas minha avó, mãe da mãe, com o nascimento de meu irmão mais novo, resolveu transformar Jumba em um travesseiro, nunca usado por meu irmão. Sofri, doeu, chorei. Eu fui engolindo as coisas e daí vem grande parte do meu conformismo atual, aceitando gato por lebre sempre. Minha avó me prometeu uma urso de pelúcia que nunca chegou. Ganhei um aos 12, do meu tio, mas não foi a mesma coisa. O nome dele, do urso, era Matias, é Matias, ele está atualmente morando com meus pais em São Paulo.
Minhas fases foram todas atrasadas. Lembro-me de estar uma vez na casa de uma coleguinha, e ela e uma outra comentavam a respeito de quais absroventes gostavam de usar. Deviamos ter uns 12, 13 anos. "Eu ainda não mestruei", foi minha resposta envergonhada, quando me perguntaram a respeito. Primeiro atraso na minha vida. Minha primeira paixão foi aos 10, ele tinha 9, ele foi embora da igreja, do bairro, nunca mais o vi, mas lembro que se chamava Jônatas. Moreno, cabelo liso e preto, deve ser um homem muito bonito hoje. Ele nunca soube. E enquanto eu tinha uma colega de 15, 16 anos que saía com um homem divorcidado, uma outra que planejava logo se casar, uma outra com idas e vindas no namoro, eu mal sabia o que era isso tudo, aliás, não sabia. Eu fui saber ao mudar pra Viçosa, primeiro beijo aos 24, primeira vez também, tudo errado, momento e pessoa. Tal qual adolescente, fui atropelando tudo, vivendo numa tacada só tudo que não vivi antes, fica com um, fica com outro, beija daki e dali, sexo casual. Tudo era novidade e eu achava que eles eram legais e que iam gostar de mim, me ligar depois, querer sair. Nada. Minha primeira paixão real me largou em duas semanas. Voltamos a ficar, ficávamos separados, voltávamos. Idas e vindas que me doeram profundamente. Quanto dor eu já passei, e já causei também, com certeza.
Me envolvi numa situação estranha num carnaval que passei em São Paulo. Tomei dois tapas na cara, fui jogada pra fora de um carro. Tentei falar com um policial, que me cantou. E um outro, todo durão, praticamente me dizendo que não havia o que fazer se não fosse flagrante. E o dono do bar, onde se deu o ocorrido, dizendo pra eu, EU, não arrumar confusão. Queria preservar os clientes bandidinhos ao invés de me dar razão. Chorei e ele me levou em casa, me cantando pelo caminho também, e eu fingindo de boba. Desde então, parece que estou marginalizada só sirvo pra ser pega, maltratada, ser amante, ser a gostosa, a outra, nunca a namorada. E desde então também, tenho querido voltar - construção estranha - à minha condição pré-Viçosa ficar trancadinha em casa, de casa pro trabalho, do trabalho pra casa, de casa pra igreja aos domingos.
Ficam me dizendo que não é assim, que eu seja mais positiva e blá-blá-blá, mas é assim sim, é assim que eu sou. E dizem também que quando a gente fica desesperada por algo - eu, desesperada por um amor, no caso - o que queremos não acontece. Ou seja, não vai acontecer comigo porque eu realmente penso nisso o tempo todo, me desespero, e não relaxo. Não tem essa de "deixa acontecer naturalmente". E sendo assim, aceitei, fatalmente, que isso não é pra mim, eu me afastei da igreja, devia ter conhecido alguém legal na igreja, mas nunca conheci e passei por tantos que poderiam ter se tornado algo, mas por algum motivo, não se tornaram. Pior ainda é funcionar de talismã da sorte: o cara te usa e abusa, larga, e a próxima vira namorada. Mais um tipo de dor que já senti. Aí vc pensa (pelo menos eu penso): pq eu não sirvo pra ser namorada? pq o cara que fica comigo já de cara é mão daki, mão de lá, cama e só? e pq eu não consigo dizer não? Tennho conseguido ultimamente por não estar saindo muito de casa. Parece que já vivi minha vida toda, e vou tirando essas conclusões todas aí. Não vivi minha vida toda, mas vivi em uns três anos muita coisa, muita intensidade, atropelei as coisas como já disse, atropelei meu prórpio tempo, que é o atraso. Após minha graduação, eu preciso de um tempo, não sou do tipo que já engata um mestrado ou uma pós. Engatei uma complemtação, outra graduação mesmo, pra manter o vínculo e tentar, depois de tantas oportunidades perdidas, um intercâmbio. Fiz tudo: passaporte, viajens a JF e Sampa, pedidos de empréstimos daqui e dali, banco daqui, banco de lá, consegui uma vaga extra, entendi que tinha sido Ele mesmo que me deu a chance, mas, no final das contas, não pude pegar o empréstimo, pois o pagamento das mensalidades começava imediatamente após o mepréstimo. Se eu não tenho dinheiro, como vou começar a pagar mensalidades assim, tão prontamente? Não entendi a lógica disso...E não fui pra Flórida. Cheguei até a receber uma carta de lá com os nomes de minhas colegas de apartamento. Sim, primeiro mundo, eu iria morar num apartamento para 4 pessoas, cedido pela universidade. E, mesmo com tantas concessões, eu teria que arcar com no mínimo U$ 4.000. No way, darling.
ufa! tem mais coisas que me rondam, fantasmas que me cercam, lembranças que sempre vão doer. É assim que é, pra todo mundo. Eu não quero mais entender porque eles agem assim, ou porque é assim comigo. Claro que gostaria de entender, mas não sei por que, só sei que essas coisa a gente nunca entende muito bem, como se estívésssemos ainda em fase de crescimento e não pudéssemos fazer nada além de balbuciar as coisas... estamos ainda em fase infantil, sobretudo eles. Porque é fato cientificamente comprovado que as meninas se desenvolvem intelectualmente na frente dos meninos, amadurecem primeiro. E é só vir um com uma conversinha mole pra provar o quanto somos burras com relação ao oposto. E o quanto eles são burros e medrosos. é assim que é. Que medo de ter uma filha. Que decepção se tiver um filho. Que medo eu tenho pelos meus sobrinhos. Que vontade de voltar pra eles e esquecer de tudo daqui.
Vou tentar ser positiva hoje CARPE DIEM. bye!
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