Perdendo os dentes sem tofú
Dexametasona |
Preciso ler coisa de outras pessoas, outras biografias, me achar em outras linhas. Que escrevam sobre mim, como na minha biografia de final de graduação, em que fiquei retratada como uma festeira de plantão. Aquela fui eu por um tempo. E quando meu professor de matemática me escreveu no final do ano, no ultimo ano em que eu o veria? Colocou palavras bonitas lá, não sei se realmente conseguia enxergar toda aquela bondade e esperteza e beleza e perspicácia em mim, mas eu gostei, apesar do desconforto que os elogios me trazem. Não aceito bem nem elogios nem críticas, simplesmente.
Que diria de mim alguém que me conheceu agora, como meu professor de teclado, o pastor da igreja dele, e outros que passaram rápido por mim e só disseram oi, paz? Me intriga o jeito como as pessoas vêm umas às outras.
Eu nunca soube ou tenho/tive uma ideia não muito clara de como os últimos quatro homens que fizeram diferença na minha vida me viam/veem, se é que ainda pensam e sabem que existo e continuo com uma dificuldade enorme em reagir diante das coisas. Minha digestão é lenta como uma gestação. Quando estou pra parirm, os outros já tem os filhos crescidos, criados, é tudo muito estranho, é como se a frieza ou indiferença fosse o diferencial, o certo a se sentir, ou como agir. Estou errada? Fui acusada de estar errada por achar que estou errada... como asssim? Então eu vou fechar os olhos e dizer, não tive nada a ver com isso, a culpa não foi minha, agi da forma que deveria ter agido? Ainda não alcancei tal grau de maturidade ou avanço, se é que isso é um avanço...
No RecantodasLetras tenho recebido comentários altamente positivos sobre meu trabalho. É uma coisa totalmente não-valorizada pela sociedade, e eu jamais poderei viver de escrever poemas, mas é uma parte extremamente crucial da minha vida, como se eu não pudesse fazer mais nada além de escrever. Escrever poema é o meu cantar, o meu tocar. É o meu dizer que estou de mal do mundo e não me compreendo e acabo sempre amando mais o outro do que a mim mesma por inveja, por querer ser normal. "As pessoas mais felizes são precisamente as mais ignorantes" disse Conrado, personagem de Malvino Salvador no filme "qualquer gato vira-lata". Às vezes acredito nisso, às vezes duvido, nada é certo.
Não creio que fazemos o que é certo e pronto, que se dane o outro. Sempre haverá a possibiliadde de ter feito melhor, mas pensar nisso mata poruqe o momento já foi, haverá outro, outros, mas as circunstâncias serão outras e o segundo preciso já foi perdido. Pensar no fluxo do tempo que escapa pelas minhas mãos é outra perda de tempo, nada há que se fazer. Essa praga de impotência mata também, principalmente porque penso nessas questões o tempo todo. Parar de me preocupar, viver, relaxar? Haha, essa não sou eu, I'm sorry. O grande erro e o maior acerto é ser você, que ironia.
E o post-mortem? Ainda tenho uma sensação nítida de que vou morrer sem reconhecimento e quem vai receber os louris depois são os amigos e familiares. descendentes? Quem sabe, mas não consigo ver posssibilidades reais de ter descendentes no momento. Dizem-me relaxa, você tá nova, mas mulher tem essa questão limitada não é, enquanto um homem pode ter filhos até sua velhice. A gente é toda limitada, mas tem um que a mais que homem precisa, mas eles sempre se acham auto-suficientes, precisam só da mamãe. Preciso do papai? Não!!
Vou lá pra mais uma dose de dexametasona e dipirona sódica. terça-feira volto no dentista e esse martírio nunca acaba. Coração vazio, cratera na gengiva. vamu que vamu!
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