Disfarces
Normal as pessoas saírem das nossas vidas, perdemos contato, nos perdemos... normal quando não queremos mesmo alguém por perto e repelimos a pessoa. Só dói quando é com a gente. Dói quando, por mais que o tempo passe, a coisa não passa. Você já passou praquela pessoa, mas ela, tal como se fosse outro dia mesmo que se esbarraram, não passa pra você. Ela fica, seu semblante, as lembranças, tudo fica. E por mais que você viva outras experiências e ouça mais mil vezes a frase "não quero compromisso", a pessoa ainda está lá, no fundo, adormecida em você. Uma dor que desponta quando você está de TPM ou vendo um filme drama, ou ouvindo músicas que te levem até aquele lugar no passado, ainda com a pessoa. Uma dor que parece que vai te matar, mas aí você reage por um tempo, vive, trabalha, sorri, ri, se diverte, sai, vai a Igreja, ora, mas volta e meia, esse disfarce todo cede novamente à dor. A dor pura da rejeição. A dor que murcha o teu semblante, te rouba o sorriso, a vontade de viver. Ai vem a comparação com a vida alheia, porque Fulano tá namorando, Ciclano foi para Londres, Beltrano nasceu em berço de ouro e você, nada. Está simplesmente parado em um tempo inexistente, um tempo que você inventou porque dói demais sair dele e seguir em frente sem ele(a). E aí vem os questionamentos eternamente sem resposta:
- por que tem que ser assim?
- por que comigo?
- o que fiz de errado?
- sou tão feia(o)/chata(o)/burra(o)/pobre assim?
- por que ele(a) me disse que não queria nada sério e logo depois arrumou um(a) namorado(a)??
O último questionamento, sobretudo, me assombra. Me sinto no tempo da adolescência ainda: colocando aparelho nos dentes - semana que vem é a parte de baixo -, ficando daqui e dali, aprendendo a andar de salto e me maquiar, tocar um instrumento, se apaixonando sempre pela pessoa errada, etc etc. Comportamento adolescente, mas ao mesmo tempo, me sentindo tão velha pra tudo, tão cansada, tão desanimada, como se já tivesse vivido metade da minha vida, e não estou longe disso. Metade da vida sonhando com um amor, uma viagem e um livro. Metade da metade da vida tendo amores nunca correspondidos, preparando tudo pra uma viagem que não aconteceu e montando um livro nunca publicado. Tudo até hoje foi tentativa e frustração, salvo minha graduação, graças ao bom Deus.
Dói mesmo é saber que você é passado inexistente no presente, e ele, ainda tão presente no seu agora... Ai, vai, vai-te embora sombra do passado! Desata-me por favor! Não sei mais o que fazer e mando ainda mensagens inúteis, vivo de pensamentos malditos... oq eu fazer? dormir e deixar pra lá, é o que tenho procurado fazer, mas a dor está latente e dói, dói, dói...
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