Distimia
Me emociona o livro que nunca publiquei, o filho que nunca tive, o amor nunca vivido... quando me hão de emocionar as coisas que tenho?
... Ah, sim, me emocionam também, sobremaneira: minha sobrinha quase dizendo "We are the world", a rosa que ganhei da chefia, os amigos que tenho, o sol, o arco-íris depois de uma chuva com sol, meu sobrinho dormindo, meu sorriso nas fotos de formatura - como eu estava feliz! - o arroz que faço e dá certo, músicas sobretudo, minhas roupas, sapatos, notebook, meu quarto, ainda que alugado, meus alunos aprendendo mesmo que nao seja inglês, meus exemplos idiotas nas aulas, minhas bobeiras, fazer alguém rir, filmes, o amor... a magia da vida; quando estou em silêncio é como se a ouvisse. E Deus, é como se ao meu lado estivesse, e está.
Tenho muito, não tudo, talvez não o suficiente, que me baste: um corpo que funciona perfeitamente, todos os membros capazes, inteligência, lucidez, trabalho, família, ainda que distante... bem que eu acho que está na hora de ter a minha, o relógio biológico já pede... Mas é preciso crescer e pagar as contas, tenho acumulado dívidas no banco, sonhos frustrados, dúvidas e tristezas, essa minha tristeza contínua, dor de plano de fundo que não me larga e eu imagino ser uma tal de distimia...
Me emociona o meu funcionamento, o entrelaço do mundo, as (co)incidências, a intuição feminina que mal ouço... tudo én sinfonia e tudo é vida. Preciso aproveitar esses rompantes de bem-estar para... para? Ideias são bem vindas, até com acento agudo. bye.
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