Um beija-flor e um bebê
Segunda-feira atípica dessa semana. Caminhava para a UFV e pedi a Ele um milagre. Cheguei no departamento e encontro um beija-flor preso lá, voando e batendo nas paredes. Sabia que ele pararia pelo cansaço e esperei. Ele pousou cansado num dos quadros de aviso dali e cuidadosamente, com meu casaco, peguei o pequeno animal. Ao contrário do que pensei, ele não me bicou nem quis voar desesperadamente, apenas descansou nas minhas mãos. Tinha teias de aranha no bico longo e fino e nas pequenas patas, removi-as com cuidado, acariciei a pequenina cabeça do pássaro, que fechou os olhos ao meu toque e esmoreceu. Achei que tivesse morrido, mas ele ainda respirava, estava apenas descansando, confiou em mim. Não sabendo o que fazer, desci as escadas com o pobre pássaro nas mãos, cuidadosamente, e com uma alegria estranha no peito, como se tivesse acabado de ganhar um presente: o beija-flor. Lá fora, imaginei que ele perceberia o ar corrente e sairia voando, mas ficou um tempo na minha mão, ainda recuperando forças. Começou a piar, como que pedindo ajuda ou chamando a mãe. Imaginei que logo ela viria me bicar, mas não apareceu. De repente, ele voou pra cima de uma planta em que previamente eu tinha chegado perto para que ele sentisse. Antes, ele tinha se recusado, agora voava para ela. Mas ainda enfraquecido, quase caiu da planta-flor. Tentou tirar seu néctar, mas não conseguia. Voou novamente e outro beija-flor apareceu, bicando-o e jogando-o em um canto, numa saliência do prédio. Por lá ele ficou, não sei até quando, pois subi de volta.
E aí teve o bebê. Saía do trabalho e passava pela praça quando o vi de longe no colo da mãe. Era um lindo bebê e não pude resistir: cheguei perto, mechi com ele, perguntei o nome à mãe, pedi pra pegar. O pequeno veio sem reservas comigo e babou na minha blusa. Acho que nessa hora, chegando mais perto de mim e não sentindo que era mamãe, levantou a cabeça à sua procura e estendeu os bracinhos na direção dela. Raniel.
O beija-flor também era um bebê, muito frágil. Espero que tenha sobrevivido às intempéries dessa vida, assim como Raniel há de sobreviver.
Um beija-flor e um bebê... sinais? de quê? E eis que ele responde à minha sms! bju, bye!
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