Sobre o mestrado e o calor


Parece que agora é sério: vou me afundar mais na zona de conforto. Enquanto a educação pública continua afundando, salva aqui e ali por iniciativas individuais, eu vou confortavelmente reclamar uma cadeira no mestrado ufeveano. Não que eu seja peça chave pra que a educação mude completamente de rumo, mas me acho na obrigação de estar lá fora. Ao mesmo tempo penso que os bastidores tem um papel importantíssimo de reflexão sobre a realidade, ainda que distante do meio acadêmico, e podem propor soluções e caminhos, ainda que distantes... Bom, esse negócio da distância é que complica tudo. Se eu me formo e continuo no meio acadêmico ad eternum, não me acho muito no direito de dar pitaco no mundo da escola pública lá de fora. Se bem que, no meu caso, eu falaria como ex-aluna de escola pública, e assim, a meu ver, teria alguma credibilidade. Não que professores universitários não tenham, mas acontece que, querendo ou não, podemos incorrer num mundo ilusório, onde tudo é possível e adaptável. Creio que a possibilidade reside no fazer; uma vez que decido fazer algo, um mínimo que seja, estou transformando aquele mundo, ou parte dele, e tornando as coisas possíveis, ainda que não tenham o resultado plenamente esperado. 

Às vezes recolho o lixo alheio do chão e coloco na lixeira. Às vezes passo por cima também. Às vezes deixo o livro de lado e vou falar da minha vida e da vida dos alunos, às vezes faço eles engolirem gramática. Tudo isso, a mudança ou não, o aprendizado ou não, depende de uma série de fatores objetivos e não: emoções, humor, clima, identidade, idade, ambiente de trabalho, material, etc etc, das duas partes, professor e aluno. Mas ou Por fim, vou pleitear minha cadeira no mestrado... medo.

Esse ano, todas as coisas cooperaram para que eu fosse ficando em Viçosa, talvez mesmo para sempre.No início do ano, a decisão era ir embora em 2013, caso o mundo não cabasse. Bom, ainda não chegamos a 21 de dezembro desse ano, então, as coisas ainda podem mudar. Porque acaba que perdi prazo de recurso de concurso - fui roubada descaradamente - perdi prazo de inscrição em mestrado da UFMG, perdi até daqui também para educação - estou "condenada" às Letras?? - e finalmente, teve ele, l'amour. Como ir embora e deixar o que mal começou para trás, ou suportar a distância correndo o risco de acabar? :) Embora tenham atritos, o que é especialmente normal, escolhi permanecer, me testar um pouco talvez, porque a decisão de ir embora era por causa de mágoas passadas... não indo embora, será que eu aguento? 2012 dirá, posto que ainda não acabou...

Meu medo maior é ficar com essas refelxões educacionais todas na cabeça, martelando nelas e nunca mudar, não fazer nada... o passar do tempo sempre foi algo que me instigou, ou melhor, me incomodou, e ainda mais agora, nos meus 2.9. Parece que tudo ganhou um tom mais grave, mais sério, um peso maior. Já não dá pra ficar brincando de não-sei-o-que-fazer-da-vida, aliás, dá até pra brincar disso, mas com pé no chão, agindo; não dá pra só ficar sonhando alto - e eu falando isso com toda essa minha preguiça crônica...

Agir. Isso vai contra o meu princípio preguiçoso inato, que estou trabalhando pra mudar. Mas nesse solão de Viçosa, tá beeeem difícil... Bye!


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