Sobre as vozes
Assisto The Voice Brasil e penso porque outras artes não tem vez na televisão, sobretudo na rede globo. Não sei... é, de certa forma eu desejo um reconhecimento, estrelato talvez. Não, reconhecimento, e o reconhecimento vem principalmente pela TV e internet nos dias de hoje. Assisti também um pouco do futebol da seleção feminina contra a Dinamarca. Penso no que eu poderia ter sido, ter desenvolvido nas aulas de Educação Física, não fosse o bullying. Tenho extrema dificuldade em olhar pra frente e vez ou outra meu olhar esguio se esvai por cima de meus ombros tão largos e olha... olha pra trás, se arrepende, quer voltar, quer fazer diferente, quer parar em algum ponto. A minha arte não tem vez... teve lá atrás, quando os reis acolhiam os poetas, os músicos, os artistas que lhes louvavam e lhes agradavam de algum modo. Hoje como poeta, sou acolhida pelos meus próprios textos, a rima ou ausência dela, os versos, as estrofes... Sou acolhida pela leitura do leitor desconhecido, os comentários falazes que devoram e olham com ardor bom ou mau o meu falar escrito. Assim como no The Voice, dependo da verdade da minha voz, ainda que escrita: dependo do ecoar de tudo que escrevo, ainda que eu não o saiba, dentro de cada um dos leitores, em suas vidas, em suas mentes. Talvez por isso eu me preocupe tanto e insista tanto com meus alunos em coisas que eles deveriam saber, mas não o sabem: a importância de ser, de se preocupar sim com a vida, cok o que fazer, o que ser, quem ser.
Hoje vou à cantata de Natal aqui na UFV. Gosto de me encher desse espírito natalino que pra mim é melancolia, não aquela coisa triste saudosista, saudosista sim, mas com alívio, tranquilidade e paz, porque o passado já está. Resta a construção desse operário que sempre está, o futuro. Sou romântica e sentimental sim, apesar da minha áurea de distanciamento, que acredito que passo às pessoas. Não sei. Leitor desconhecido, nunca saberei como me vês. Pessoas na rua, colegas, amigos, nunca saberei ou entenderei como e por que me veem de tal e tal forma. Dependo desse olhar: a verdade da voz que sai do olhar. Bye.
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