O Mal
O Mundo anda tão mal, querida
que é melhor ficar na sombra
à sombra
sem lugar ao sol
na varanda
de manhã passando mal
de tanto ver o mal
que do mundo
fizemos.
Sim, fizemos e fazemos todos os dias, sempre.
O cara atirou nos filhos gêmeos de menos de dois meses.
A menina que não queria engravidar jogou o filho recém-nascido por cima de um muro, na casa do vizinho.
A mulher da van esqueceu a criança dentro do carro, o pai esqueceu a menina, a mãe esqueceu o menino.
O bebê no carro, sem cadeirinha, foi arremessado numa batida.
O promotor levou três tiros a queima roupa.
O cara levou uma facada na cabeça.
A menina de nove anos sumiu de casa porque sofria bullying.
O cara matou a moça que não queria mais saber dele.
Ah, minha querida, eu conheci a moça. A Carol. Ela que não nasceu ela, escolheu ser moça, escolhe ser Carol. Uma judiação. Chorei com o Folha da Mata na mão.
(continua...)
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