A Cabana
Estreando essa Coluna de quinta, vou falar sobre o filme A Cabana (The Shack). Demorei um bocado para falar sobre o filme, minha vontade quando assisti o filme foi sair dali e correr pra fazer uma resenha linda, elogiando altamente o filme. Porém ponderei e deixei a emoção esfriar. A maioria dos cristãos, os mais estudados, está fazendo duras críticas ao filme. Este vídeo é bem interessante e prova disso. Não discordo dele em muita coisa, porém em algumas coisas discordo e vou explicar o meu ponto de vista. O MEU ponto de vista. Este outro vídeo já fala bem, levando em consideração apenas a mensagem geral do filme: que Deus deseja ter um relacionamento pessoal com cada um de nós. E isso, para nós cristãos, é um fato.
Desde que li o livro e soube do projeto do filme, porque já havia a ideia de transformá-lo em filme, fiquei na expectativa do filme. Confesso que quando leio, não consigo visualizar bem o que está escrito, e um filme me ajuda muito. Aí saiu e qual não foi a surpresa quando revelaram os atores intérpretes do personagem mais misterioso dessa história e até de nossas vidas: o próprio Deus.
Antes de continuar minha análise, quero deixar claro que temos que ter em mente que A Cabana é uma obra de ficção, ou seja, não revela a verdade sobre nada, mas traz uma alegoria, ou uma metáfora sobre como Deus pode atuar em nossas vidas. Não acredito que Deus se personificaria em forma humana, mas que poderia se assim o quisesse; também não acredito que Ele seja homem ou mulher, pois é espírito e não tem distinção de gênero ou sexo. Coube a nós determinar os artigos masculinos por causa da constituição e construção de nossa língua para falar dEle. Então, esse Ele é porque a nossa língua portuguesa assim o quis. Este terceiro vídeo é bem esclarecedor do ponto de vista teológico e bíblico em relação à defesa da fé, o cara diz verdades, apesar de ser duro. O tom dele é de "não perco meu tempo com essas bobagens!".
Aqui eu defendo o filme. Defendo o filme como filme, como cinema, como a sétima arte, é um filme bacana, um filme que personifica o livro. Ele NÃO SERVE como parâmetro ou explicação para a Bíblia. De fato o livro traz coisas que não prestam para nós cristãos. Tipo que todos os caminhos levam a Deus, que Deus não veio julgar ninguém. Sabemos que não é bem assim. Se assim o fosse, por que eu me absteria de coisas que gosto só para me purificar e estar próxima de Deus? Não seria necessário dizer não a nada, simplesmente eu desenvolveria um relacionamento com Deus a partir de uma experiência individual pautada em nada e pronto, estaria salva. Não, não faz sentido. Quem conhece a Bíblia sabe.
Mas voltando ao filme, achei de uma sutileza tocante. Foquei em Deus e no que Ele poderia me falar através do filme. Porque sim, Ele poderia usar o filme, Ele pode usar o que for para falar conosco. O fato de Deus pai aparecer como mulher faz todo sentido. E uma mulher negra, uau! Acho que foi esse o principal motivo de tantas críticas negativas ao filme.
Não vi tanta balbúrdia quando lançaram o filme "Todo poderoso" em que Deus aparece na pele de um homem negro (Morgan Freeman) e transfere todo seu poder para um homem branco. A mensagem ali é clara: o homem reclama mas nunca daria conta de fazer o que Deus faz porque é limitado e humano, e erraria sempre. Deus não erra.
Bom, na Cabana, aparece Jesus como um cara comum carpinteiro e mais acessível, se torna amigo do personagem principal. Cabe lembrar aqui também que o livro A cabana é um literatura de ficção bem fraca também, mas a historinha é no mínimo interesssante. E o Espírito Santo representado por uma mulher asiática, suave, calma e paciente. Tem também a sabedoria, representada pela atriz brasileira Alice Braga. Uma participação pequena, porém marcante.
"Retende o que é bom" nos diz a Bíblia. em certas cenas do filme, o espiritismo aparece de forma sutil e talvez por isso o filme não deva ser visto por novos convertidos ou pessoas que estão achando que ele é cristão e explica Deus, pois como diz o Preto no Branco, "Ninguém explica Deus!". Há um momento no filme em que Deus pai volta a ser homem, e entendo que isso fo para exemplificar o poder dEle que se, caso quisesse se revelar a nós, viria em forma humana e realmente veio, na pessoa de Jesus Cristo. Sobre aparecer como mulher negra, a personagem diz que "achei que você teria problemas em encarar um pai agora" ou algo do tipo, pois o personagem humano, Mack, havia sofrido na infância com seu pai e disse que imaginava Deus como um velho barbudo, ao que Ele retruca "este é o papai Noel".
Nas cenas em que as três pessoas da divindade aparecem rindo e se divertindo, entendo que a mensagem é que Deus é acessível. Não podemos esquecer que Ele é amor mas também é justiça e condena o pecado. Porém através do sacrifício de Cristo na cruz, fomos reconciliados com Deus e podemos nos reaproximar dEle com santidade, reverência, coração contrito. Assim estava Mack e por isso foi atraído por e para Deus. Tudo ali é metáfora: quando estamos com o coração frio e distante de Deus, se Ele nos escolheu como diz sua palavra, Ele nos atrai e nos coloca em sua presença, não literalmente é claro, pois não seria possível sobrevivermos a isso.
Portanto, assisti e gostei muito do filme, inclusive chorei. Chorei por entender que Deus deseja sim um relacionamento conosco, com sua igreja, ou seja, com o conjunto de pessoas que o querem e o servem. Entendi também que precisamos sim de uma experiencia pessoal e individual com deus e isso parte dEle, não de nós. Somos atraídos por e para Sua vontade. Enfim, recomendo o filme e a leitura do livro, apesar de ser escrito naquele tom americano de "yes, we can!" e ser um pouco chatinho de ler. Recomendo também a leitura bíblica para quem quer de fato aproximar-se de Deus e assistir os vídeos para não correr o risco de acreditar que os mortos podem ter contato com os vivos, pois isso aparece no filme.
Uma coisa positiva que aconteceu na história é que Mack, depois do encontro com Deus, voltou a frequentar mais animadamente sua igreja local, ficou mais participativo, começou a ajudar mais a quem podia e reatou o relacionamento com seus filhos. Apesar de os críticos nos vídeos falarem que na história o autor fala contra religião e igrejas, o final do filme é esse, Mack voltando para igreja vivo e presente, de corpo e alma presentes ali. E isso é essencial, que participemos do corpo de Cristo, isto é, da Igreja local para nos fortalecer, aprender, ajudar uns aos outros, praticar a verdadeira religião que é o serviço! Servir a Deus e ao próximo!
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