Preguiça
Vamos lá, aquele cansaço.
Achei em Minas a expressão perfeita do que sempre senti: "que preguiça!" Nunca tinha usado a palavra preguiça com esse sentido tão amplo que aqui é usado. E hoje a entendo perfeitamente!
Preguiça de tudo eu tenho.
Preguiça das pessoas que acham que a vida é beber, cair, levantar, que tem que tomar uma, tem que isso, tem que aquilo.
Preguiça de mulheres que só conversam sobre os feitos de seus filhos.
Preguiça de gente que diz que o Brasil não presta e blábláblá, mas não sai daqui. "Ai se eu pudesse!" se não pode, cala a boca!
Preguiça de gente que acha que racismo reverso existe e é válido. (sim, um "colega" inclusive. É. Professor).
Preguiça de quem só fala de trivialidades, ou de quem só fala de coisas difíceis, ou... preguiça de gente que fala mesmo! Ás vezes acho que vou me calar para sempre, emudecer. Tanta coisa tem acontecido que me deixa embasbacada, e falar parece nunca adiantar. Eu não sei falar. Eu não sei, talvez, como falar. Sou especialista em calar.
Não me encaixo.
Calo o fundo da minha alma, calo o meu cansaço, a minha solidão, o peso que carrego. Um peso de coisa que já fiz e queria não ter feito, de coisa que falei e não queria ter falado, ou calo de novo o que calei quando deveria ter falado. A minha luta é sempre essa, com a fala, a comunicação.
Tenho calado e acabo falando o que não devo, o que é bastante estranho. Não tenho tido mais paciência, sinto que o cansaço, antes muito físico, está quase que plena e totalmente mental. O corpo dói, como sempre, cada dia num lugar, tem dia que em todos.
A maior dor, a que tem apontado e sei que vai crescer, é a frustração de chegar aos 38 (mês que vem 39, quase 40 portanto) sem segurança financeira. Tenho o salário todo mês, mas inventamos de comprar casa e aí, é muito que sai e pouco que fica. Temos comido bobagem e por isso o plano B da minha vida está em curso. Oremos porque não posso falar. Pela primeira vez em minha vida, minha escolha de calar é a certa.
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