Tome a sua cruz...


 - As pessoas certinhas demais me incomodam, sabe?

Disse um amigo hoje, referindo-se ao anúncio de um evento que fazia um grupo de estudantes ali no MU: experiência de oração. O comentário não foi dirigido a mim, por isso eu não disse nada, mesmo porque meu tópico de hoje neste post seria a educação, meu tema favorito, e tema também da aula magna do excelentíssimo ou magnífico senhor secretário da educação, ex-reitor desta casa, Luiz Cláudio Costa, nosso eterno reitor, como bem frisou a nossa atual reitora Nilda de Fátima Ferreira. Luiz Cláudio, em apenas dois anos conquistou realmente a população ufeveana com seu jeito atencioso e prático de ser. Fez um bom governo, tanto é que foi convidado a ser secretário pelo atual Ministro da Educação, Fernando Haddad. E lá fará ainda melhor, com certeza.
Bom, bajulações à parte, Luiz Cláudio falou da importância da universidade na construção de cidadãos e do país, concomitantemente. Mostrou alguns números, defendeu o Prouni, fez piadas, enfim, a aula foi descontraída e rápida, pois ele tinha que estar em BH às 13h ainda hoje.
E o comentário do meu amigo, onde entra??
Bom, voltemos à ele. Fiquei pensando que ninguém é certinho de fato e verdade: a pessoa pode ter uma vida totalmente plana, planejada, sem grandes surpresas ou sofrimentos, certinha mesmo, mas geralmente por escolha. Penso exatamente que escondem seus demônios, ou melhor, preferem ter sua caixa de pandora a encarar tudo de frente. É uma escolha válida que eu mesma já havia feito há algum tempo; no entanto, muitas circunstâncias me fizeram mudar. Escolha: temos sim livre-arbítrio, mas não significa que este livre-arbítrio seja tão livre a ponto de nos livrar das consequências, sejam elas boas ou más.
Jesus Cristo disse: “... Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mateus 16:24). Renunciar a si mesmo é o que estes grupos cristãos fazem – ou ao menos propõem fazer. Renunciar a si mesmo é isso: ignorar seus demônios, ou simplesmente não dar a importância que geralmente se atribui a eles. Eles têm importância e poder a medida que os alimentamos com isso, até descobrirmos que podemos dominá-los e até mesmo extinguí-los. Não se trata nem mesmo de prendê-los na caixa de Pandora, pois aí correr-se-ia o risco de que um dia pudessem sair; trata-se de diminuí-los diante da importância de Deus. Loucura negar a si mesmo, não viver o que se sente, ficar aparentemente preso a um modo de vida também aparentemente controlador? É loucura mesmo! A mais doce! É escolha! Portanto, válida. Jesus não disse isso pra obrigar ninguém a nada; pelo contrário, ele só veio pregar a verdade.
Confesso ser pouco tolerante com as coisas modernas e mundanas. Pouca gente percebe porque não sou de falar muito e convivo com bastante diversidade de pensamento e escolhas; é assim que é; julgo, sim, a todo o momento, na minha mente. Mas o que se há de fazer, não posso escolher nada por ninguém, nem por meus filhos poderei, feliz ou infelizmente; cada um precisa passar por suas próprias experiências. Experiência de oração, porque não? Ser “certinho”, porque não? Ser “erradinho”, porque não? Escolhas. Livre-arbítrio.
Muitas coisas me levaram de certinha a erradinha; meu erro, por assim, dizer, foi reprimir desejos e vontades durante a vida; foi não entender que é normal ter certos desejos e vontades, mas que eu preciso e posso escolher vivê-los ou não. Não entendi e fui reprimindo, criei a caixa de Pandora. Mas nada me abalou a ponto de largar a fé em Deus; me orgulho disso e me apego a isso porque é a minha escolha: eu quero isso, quero crer na única verdade que sinto que é verdade, a verdade revelada através de Jesus Cristo e dada ao mundo: você crê ou não crê, simples assim. O que eu não entendo e tampouco aceito é crer em partes dessa verdade, partes da Bíblia, outras partes não, nada é literal, etc, etc. é lá ou cá, apesar de que estou no entre, me decidindo; não, não me decidindo, mas covardemente em cima do muro, sem querer ser errada ou certa. Porque acredito no sim, sim; não, não.
E acredito que a educação tem toda aquela força e importância de que falou Luiz Cláudio; muda, transforma, constrói. Todos devemos ter acesso à verdade e à educação; eu escolho crer e estudar numa universidade, ou eu escolho não crer e não estudar. Livre-arbítrio, democracia. Sempre.

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