Sonhos da infância

meu sobrinho primogênito, Estevan, 6.

Tenho pensado e tenho viajado também... estava na igreja, mas não estava realmente lá. Quando estou em mim, estou sempre busacando o outro, pensando neste ou nakele ex. Preciso só parar com isso. Já faz tempo que eu não me encaro e estou esperando resultados pra me encarar, mas me encarar simples e forte, sem lágrimas e sem medo - que seja possível!

Tenho sentido falta de gente, de amigos à minha volta, mas não sei como trazê-los mais perto; tenho medo, de novo, de ligar e ser chata, ser omissa, e acaba sendo omissa mesmo. Sinto falta dos velhos projetos, de levar sonhos da infância e adolescência a sério: publicar livros, encontrar o amor da e na vida, cantar sozinha pra todo mundo ver, atuar, viajar pro exterior, falar inglês com mais fluência, entender as músicas que tocam no rádio, que foi minha principal motivação pro inglês.

Depois de saber a história de Steve Jobs, fiquei pensando em como realmente as coisas se ligam: o cara tinha tino pra computação ou eletrônica mesmo. Parece cruel ou bobeira, mas ele tinha que ser posto para adoção, e ser adotado por um cara que gostava também de eletrônicos; ele tinha que abandonar a faculdade e seguir seu próprio caminho, liberar seu próprio gênio... ele tinha que seguir todo esse caminho, cumprir sua missão, como se diz. Tudo se liga. Eu também sinto que tinha que fazer letras; meu pai tinha que gostar de inglês e me despertar esse lado também; eu tinha que herdar os seus genes criadores de poesia; eu tinha que estudar na UFV, vir a Viçosa, mas essa parte ainda não entendi bem o propósito, porque eu poderia ter estudado em São Paulo... Sendo mais maluca ainda, a minha avó materna tinha que partir lá em São Paulo, pra que meu tio daqui fosse pra lá e me incentivasse a tentar a UFV.Tudo, de ser forma, tinha e tem que acontecer, até os muitos desencontros amorosos que vivi - e vivo ainda... quer dizer, Deus sabe de tudo e direciona, não que não tenhamos escolha, mas a escolha sempre condiz com inúmeras situações que vivenciamos, sempre está tudo de acordo com o universo em que vivemos. Não sei o que isso quer dizer, mas eu só preciso não me abandonar totalmente. E, com o dia das crianças se aproximando, volto a pensar na minha infãncia, nos sonhos "bobos" daquela época, como eu já disse.

Não são bobos os sonhos. Eu sei que eu amava a escola, gostava de ter todas as aulas, gostava dos professores até dos que ninguém gostava, ria dos outros falando mal deles, mas eu mesma nunca falava. Lembro de uma vez em que prejudiquei a turma inteira, no ensino médio. Era um dia que o pessoal meio que tinha combinado de não ir, mas eu fiz questão de ir, mesmo porque ninguém me avisou oficialmente. O professor da única aula que tive, educação artística, disse que teria que dar falta aos outros já que eu aparecera. E aí ele me deu uma parte do jornal que tinha trago pra eu ler, mas eu fingi ler e não li nada, acho que foi porque era uma parte que não me interessava; em casa, eu sempre ia direto caçar as palavras cruzadas, e quaisquer jogos que lá estivessem, sobretudo o dos 7 erros. Adorava ficar horas lá caçando os erros e às vezes não achava os sete. Sete, número da perfeição divina. Outra coisa por que me interesso, numerologia, mas não essa numerologia místicam, porque na verdade não existe misticismo nisso, existe Deus que manda em tudo, tudo mesmo. É por isso que tudo tem que ser assim ou assado, porque a energia, a coincidência, o destino - pra mim, Deus - é o que rege tudo. Por que? Isso nos é vetado saber agora, mas...


Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.(I Coríntios 13:12)

Creio que tudo um dia será explicado, e tenho medo desse dia. Mas preciso me encarar, encarar tudo, o mundo lá fora. Se eu passar nesse concurso, cujo resultado deve sair essa semana, é porque tenho que ficar em Viçosa ainda, pelo menos por algum tempo, até eu saber... saber que tenho que ir.

Sabe o que eu queria nesse dia das crianças? Queria estar com os meus sobrinhos, os três, conversar com eles, fazer palhaçadas, brincar e esquecer um pouco das preocupações da vida adulta. Queria ir lá nas pastas que meu pai guarda e ler de novo aquele texto que ele escreveu pra mim quando eu tinha 5 anos; queria ver meu álbum de bebê, minha mãe grávida, meu pai me segurando todo sem jeito enquanto eu abria o berreiro, eu maiorzinha no carrinho comendo abóbora com feijão, fazendo careta e a maior sujeira; queria brincar com meus irmãos de trailer - a gente tinha uma beliche que ficava encostada na parede, cob´riamos o outro lado com um cobertor e fingiamos estar num trailer, viajando, o volante era sempre uma tampa de panela e fingíamos ser uma família, pai, mã e filho, ou amigos; brincar também de "coisinha pequena", a gente tinha muitos bonequinhos e coleções do kinderovo, e inventávamos histórias e vozes para os bonequinhos; brincar de "coisinha grande" era o contrário, nós mesmos éramos personagens...

Nossa, quanta coisa. Claro que tinham as brigas, e estas tomavam a maior parte do tempo, mas era assim, briga num dia, no outro brinca. Era um mundo e tanto dentro de casa, pelo menos entre eu e um dos irmãos, o mais velho; o outro chegou para quebrar esse elo, brincava muito mais na rua do que conosco, fazia amizades com outros, totalmente outdoor, independente. Apesar de mais novo, o pai de dois dos meus sobrinhos.

Pois é isso, então. O caminho é não se trair, é não se envergonhar de nunca ter tido a Barbie, nem uma lancheira, nem uma mochila de rodinha, nem coisinhas rosas como as outras meninas; é seguir e superar, sem esquecer os velhos sonhos, porque sinto que ultimamente tenho me afastado de mim e do motivo da minha própria vida, pelo que estou aqui, e ainda não descobri, mas tem a ver com o servir a Deus. Eu não tenho servido direito, e bem sei disso. É hora de concertar as coisas, e agradecer por mais um ano, porque vem aí o 28º dia 20 de outubro! Boa noite!

Eu e os outros sobrinhos, Bryan e Ana Clara, 1 ano e 9 meses.

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