São Paulo


É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Sampa - Caetano Veloso

Mudei pra lá com 4 anos. Morávamos bem perto do Anhangabaú, passeávamos no viaduto Santa Efigênia, viaduto do Chá, íamos ao Municipal - infelizmente só do lado de fora - e ainda existia o Mapping... A cidade era minha, nossa, de meus irmãos, nosso parque tão particular e tão público. Gostávamos de pegar metrô, passar na catraca, tentar se equilibrar dentro dos vagões brincando de surfista, ir à Biblioteca nos fins de semana, passear no centro, visitar o Museu do Ipiranga, o Parque Dom Pedro, a Praça da Sé, ponto zero da cidade. No meio da praça tem uma espécie de mapa em pedra, no topo de uma pequena "construção", não sei o nome, mas que pra mim era gigante, nunca alcancei. Tenho uma cicatriz de quando me machuquei ali num momumento que tem ou tinha na Praça Clóvis. Pegar ônibus elétrico ou chifrudo era uma aventura e uma tortuar para meu irmão, que sempre enjoava. Sentar nos bancos altos dos ônibus, sempre, preferencialmente do lado da janela. Ir no Brás no final do ano pra fazer compras... Na 25 de Março nem, muita confusão. Fiz curso de inglês no Tatuapé, passeava lá pelos shoppings... Lá tem o Museu do futebol no Pacaembu, o Museu da Língua Portuguesa na estação da Luz, a corrida de São Silvestre e o Revellon na Avenida Paulista, os jardins pra quem pode, a avenida só de passagem pra quem quer... Nunca passei em Interlagos, mas já fui ao Parque do Ibirapuera, Parque do Carmo (mais popular), Sesc, Rodoviária do Tietê - sempre - o Shopping Aricanduva, o do Tatuapé e o mais recente, Boulevard Tatuapé, também o Anália Franco que tem uma ótima Saraiva Mega Store onde se pode folhear os livros e ouvir os CDs. Tem as faculdades também, Unip onde fiz meu primeira tentativa de vestibular (eu nem sabia o que estava fazendo direito), a Anhembi-Morumbi onde fiz duas vezes o ENEM, o Anglo vestibulares na Liberdade, onde em 2004 e 2005 fiz os vestibulares para os anos seguintes tentando vaga na UFV - na primeira vez fiquei na lista de espera no 60º lugar e não fui chamada, pois até então havia somente 40 vagas para Letras. Na segunda vez passei em 20º. teve a Universidade Cruzeiro do Sul, que oferecia alguns cursos gratuitos mediante determinada nota no vestibular, e onde quase fui cursar Geografia. Cheguei a ganhar bolsa lá de 70% para Letras, mas ainda assim não poderia pagar... na verdade se tivesse feito um esforcinho e trabalhasse durante a graduação, o que eu não queria, teria conseguido sim. Ah, mas consegui uma Federal :)

Fato é que eu tinha que vir pra Viçosa por razões misteriosas que eu deduzo e desconheço. Hoje deve ter bolo lá no Bexiga, em comemoração aos 459 anos de São Paulo, a Paulicéia Desvairada, a selva de pedra, terra da garoa, da poluição, da atratividade e decepção... ou não; do trabalho duro, da pouca comunicação, da falta de atenção ou de gratidão... das luzes noturnas que não se apagam, terra do trabalho 24 horas por dia e noite. 

Reconheço seus trejeitos quando vou lá
sei me deslocar, mas não pareço
padeço de uma saudade do concreto
mas ao mesmo tempo, esqueço
visto tua camisa, desmereço
fico longe e não quero voltar
estou lá e não quero sair
e por tudo que tu tens pra ainda compartilhar
agradeço...

Felicidades e progresso, Sampa. Bye! :)

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