Lira dos trinta anos


Estou sem meu notebook e agora sem celular, que resolveu simplesmente não mais ligar. Tenho dois números, ai a vida complica. Já estou meio além-mundo faz tempo, desde o início do ano quando descobri a gravidez. Estava vivendo minha vidinha normal até setembro, quando entrei de férias, ai passei a sair somente pra o médico ou pra igreja. Talvez demore pra eu escrever e publicar esse texto usando meu netbook quebra-galhos, misturando teclado normal e virtual. Mas aproveitando os finais - de mês, de gravidez, de ano - tenho coisas a serem ditas, conclusões sobretudo sobre meu estado. A gente fica mais sensível e mais olho aberto. A vontade de armar barraco nas redes sociais é grande, mas como esse espaço é totalmente meu, usá-lo-ei. Não aconteceu nada de grave, são só as coisinhas que vão se juntando aqui e ali. O tom desse texto não é novo, tem aquele velho sabor de decepção com conhecidos e surpresa com pessoas das quais não esperávamos muito; a velha lição que a humanidade nunca aprende, só sofrendo mesmo.
Bom, comecemos pelo que mais mudou minha vida esse ano, a gravidez:
1. Descobri a gravidez já aos 4 meses e ainda assim foi surpresa. meses antes eu comecei a namorar, coisa que no meu histórico de vida parecia improvável de acontecer mas "aconteceu" meio que em tom perséfono (a moça da novela mesmo): cerca de um mês antes eu havia decidido parar de viver a vida adoidado e sosseguei; tem gente que não vê nada de mais em tomar um trago aqui e fazer uma oração ali, tomar um passe acolá e dormir em camas diferentes nos fins de semana, mas isso foi coisa que sempre me incomodou e eu sabia que iria chegar o momento de parar. Chegou, eu parei e foi dificil, apesar de ter me dado paz e um grande alívio. Demoramos pra acertar as coisas e ai veio a gravidez. Fora a ausência de menstruação não achei que fosse. Na minha cabeça uma gravida não consegue murchar a barriga, coisa que eu ainda fazia.
2. Sintomas: senti pouca coisa, só enjoo num primeiro momento, confundido com mal de estômago, uma gastrite que realmente foi detectada, mas que parou de me doer quando descobri a neném. Parei de tomar o omeprazol e passei a cuidar dela. Por vezes esquecia-me que estava grávida; até hoje só me dou pelo meu estado quando faço ultrassom ou quando ela mexe, e mexe um bocado. A barriga começou a aparecer mesmo agora, no final, e pesa e incomoda um pouco, não posso andar muito, não que esteja gorda (engordei uns 12 kg), mas é porque pesa mesmo. Gravidez é um estado muito peculiar, muito único e muito cansativo, eu diria.
3. Emoções oscilantes. Isso foi o que mais impactou esse momento, as emoções. Meu humor sempre foi oscilante, agora então, os nervos estão à flor da pele. Tenho ficado muito chorosa, emotiva, facilmente irritável, carente. Sim, sempre fui tudo isso :p mas durante a gravidez deu uma piora e agora indo pro final, a ansiedade vem e é dificil controlar. Acabo de saber que meu sobrinho já nasceu e estou apaixonada. Em relação à minha filha, muitos sentires: medo, dúvida, ansiedade por vê-la, amor, enfim, mix.
4. Visitas: minha irmã e uma tia vieram me ver em Setembro, acho - minha memória anda falhando um bocado -  e foi bacana, mas com inevitáveis comparações entre mim e ela: simpática e falante, Raquel já chamou a atenção de meu sogro, que logo soltou um "nossa, porque vc não é como ela?? tão diferentes" insinuando que ela é bem melhor que eu no sentido social, e é mesmo. Acho que já senti inveja dela, raiva, mas agora depois de anos que já sofri em silêcio por ser quem sempre fui, me aceito. Só que esse constructo que fazemos a respeito de nós mesmo, a tal auto-estima ou ao menos auto-aceitação, parece ser sempre um castelo de cartas: sempre tem um zé mané pra ir lá e dar uma sopradinha na base. Se não conseguir derrubar tudo, ao menos abala as estruturas. Me chateou um pouco, mas relevei. Tenho mania de entender e justificar a ação das pessoas, por piores que sejam - ações e pessoas.
Minha irmã veio grávida e seu Ruben estava previsto para novembro também, mas adiantou. Seja bem vindo lindo da tia!!! :))))
5. Sexo da bebê: desde o início da gravidez, cismei que esperava um menino. Talvez seja aquele negócio da psiquê, a gente quer criar o homem perfeito pelas decepções que já tivemos. Daí, no segundo ultrassom que fiz, deu menina, mas como ela estava toda contorcida, ainda duvidei. No último ultra, quarta passada, não deu outra, confirmação: menina. Eu já estava com tudo rosa, com nome dela em toalinhas, mas ainda com a pulga atrás da orelha. Nem sempre intuição é infalível. Que venha minha linda Lídia <3 p="">6. Fome: senti muitissima fome no quinto e sexto mês, comia muito e engordei de uma vez. Depois a fome foi "passando", isto é, fui me acostumando à ela, fazendo várias refeições ao longo do dia, seguindo um plano alimentar ideal baseado no que eu já comia, acrescentando muita água e alimentos laxantes, haja vista que meu intestino sempre funcionou a seu bel-prazer. Ainda não estou bebendo a quantidade ideal de água, mas creio ter melhorado um bocado.
7. Chás de bebê: eis o ponto crucial desse texto. Foram dois chás bem e mal sucedidos ao mesmo tempo. Explico: o primeiro, por iniciativa de meu sogro, deu-se na nossa Igreja, para arrecadação de fraldas. Distribui cinvitinhos improvisados duas semanas antes e muita gente esqueceu-se de levar as fraldas, prometedo levar depois. Quando é esse depois, só Deus sabe... achei que não iam se esquecer porque foi marcado num dia pra pegar todo mundo no pulo, logo após um culto de domingo ao qual pouca gente falta. os esquecidos foram pegos de surpresa, comeram do arroz doce oferecido por meu sogro e tudo ficou bem. O segundo chá que fiz entre amigos na casa do meu sogro pretendia colaborar também com o montante de fraldas e outras cositas más. Depois de um percalços e atrasos, consegui entregar os convites, chamei pelo face, marquei nomes, criei evento.De 40 pessoas que supostamente iam, não apareceu nem 10%. Ainda assim, achei que valeu muito a pena, fiquei feliz com o resultado, e também era meu aniversário, que foi comemorado junto, não do jeito que eu faria se pudesse, ainal foi comemoração de meus 30 anos, mas valeu a pena pelo esforço dos envolvidos. Algumas pessoas justificaram a ausência, outras nem isso e com essas fiquei extremamete chateada, principalmente por ver dias depois fotos delas em um vento na universidade que ocorreu no dia seguinte. Não posso cobrar nada, mas nenhuma justificativa? Nem um "esqueci, não deu", sei lá?? Pessoas com quem morei, pessoas que disseram querer acompanhar a gravidez... isso tudo me entristeceu muito. Penso seriamente em fazer uma lista de quem eu permito que me visite na maternidade... Uma pessoa de quem gosto muito, apesar da pouca convivência que tivemos, fez questão de justificar sua ausência e depois ainda me mandou um cartão e uma linda lembrancinha. Os dito amigos, nada. Ficam online e nada. Não vou puxar mais conversa. Quase falei tudo isso pelo face, mas depois preferi agradecer a quem lá esteve. Sei como é vida acadêmica, final de graduação, mestrado. Quando eu terminava a minha graduação, quase pirei, mas ainda assim de vez em quando dava uma escapada pra respirar, um café, uma festinha - eu ainda tava nessa - sei lá. Será que eu tinha que por cerveja e samba no chá de bebê? Bitch, please...
8. Aniversário: como eu falei, não deu pra fazer "A" comemoração como eu imaginava. Como estou muito emotiva, lembrei-me várias vezes das promessas que recebi aos 15, aos 18, 21...e nada. Gosto de comemorar, gosto de marcar datas e esta seria bem importante. Foi marcada com o esforço de duas amigas primorosas as quais devo muito. Meu muito obrigada de novo à minha linda irmã Amanda e à Cínthia, com quem pude contar nesses momentos. Nessas horas é melhor ver quem esteve, quem fez parte do que apontar quem ausente. Dura tarefa para uma pessoa sempre "realista" como eu, mas sempre aberta ao aprendizado, com a graça de Deus.
9. Novembro: eis que venho sem demora... eis que chega - está chegando - o belo mês de novembro, November Rain, Doce Novembro, etc. Eis que chega meu presentinho, eis que chega o medo de uma mudança radical na vida, eis que ela vem, a minha Lídia. Tem dias que me animo, tem dias que me odeio e odeio o mundo, tem dias que estou feliz, tem dias que reclamo de tudo, e tudo isso por ela, por amor e preocupação exacerbadas com o amanhã. Não sei como vai ser, que dia, que dia, mas vai ser nesse belo mês de novembro: Lídia Cristina e sua entrada nesse mundo. Traga paz e luz, minha filha, traga ânimo, traga fé. Venha! :)

Bem, eu tinha mais coisas a dizer, mas quem sabe continuo em outro post. Por hora, este está bom, lavou um pouco a alma. A minha lira pode continuar tocando. Bye :)

obs.: terminei este texto de ontem pra hoje no meu trabalho :)

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