Ainda sobre a greve: o pós audiência de conciliação


"Vem vamos embora que esperar não é saber

quem sabe faz a hora,

não espera acontecer!"

Vandré.

Ontem eu fiquei bastante chocada tanto com a decisão do TJMG quanto com a decisão do Sindicato, apesar de ter entendido tudo e concordado que é hora de recuar pelo tanto de ameaça aos trabalhadores. Não se respeita o professor público no Brasil, é esse professor específico que não se respeita, não se considera, não se ouve, a quem não se dá voz. 

A decisão de ensino remoto não passou pela conversa com o professor.

A decisão de criar os PETs não passou pelo crivo do professor, pelo menos não dos que estão ativos em sala de aula.

A decisão de receber PETs durante todo o ano, quanto valeria cada semana, cada pet, cada prova, cada ação... não foi tomada pelo professor que está no dia a dia da escola. 

A gente só tem que fazer o horário da escola, ver as folgas, determinar dias de aula online e agora, horário semanal de ensino híbrido. O que seria o ensino híbrido? Certamente que pode ser algo benéfico para todos n´so em momentos como esse de pandemia, mas com planejamento conjunto e antecipação. Simplesmente fomos convocados a voltar de maneira abrupta. As escolas tiveram que correr e se adequar, com seu orçamento apertado, a uma check list para inglês ver, isto é, para amansar os pais e mostrar que é seguro voltar, já que eles não aguentam mais o próprio filho em casa, ou estão preocupados - creio que existam esses! - com a aprendizagem de seu(s) filho(s).

Não dormi bem essa noite por causa de tudo isso, dessa decisão e por conta de questões femininas também. Uma cólica forte no meio da noite, mas o sono venceu, por fim. Ufa... como sempre, em meio a tudo isso, quem mais sofre é A professorA.

E as mulheres no Afeganistão, agora com a tomada do governo? 

E as mulheres e meninas indígenas? De onde vem esse ódio à mulher? Que coisa mais esquisita... será inveja do útero, do poder de gerar, de criar em si um outro ser? 

E esse ódio ao professor? Não prestamos pra ensinar, mas precisamos voltar... nosso papel tem se modificado, o que somos? Precisamos parar para refletir interior e exteriormente, como nos entendemos e como a sociedade tem nos visto e classificado. Cabe a nós rechaçar ou abraçar certos papéis. Sou educadora sim, ensinadora sim, professo uma fé também, senão outra, na educação. Mas a educação, o ensino de boas maneiras e comportamento básico esperado de seres humanos deve vir de casa, da família. Quando não vem, instauram-se os primeiros problemas na escola que acabam por perdurar até a saída da escola, e essa falha cai na nossa conta, seja justa ou injustamente.

Enfim. Temos muitas questões a pensar e o ponto positivo de todo esse movimento para o ensino remoto, híbrido, greve, engajamento e envolvimento em causas é esse, oportunizar momento para reflexão, tomada de decisões, mudança, tomada de consciência de como a máquina pública funciona, se é que ainda não tínhamos percebido. 

Comente, compartilhe. Acredite na educação, conheça o movimento antes de julgar. Quem luta, educa! 

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