GREVE SANITÁRIA, causa, professores, pandemias, sei lá: leia!

Prometi voltar a esse blog com mais frequência e talvez com menos tom pessoal e confessional, mas qual quê, jeito não há de assim o ser. Pois bem, sem rodeios, vamos ao que interessa: pandemia x educação, o grande embate. 

Atualmente, junto ao sindicato, entrei em greve sanitária. Explico: A greve foi deflagrada ainda em julho, com a "ameaça" de volta presencial das aulas nas escolas e assim, nos recusamos a voltar sem que grande parte da categoria esteja vacinada e tampouco os alunos. Ou seja, não voltamos ao presencial, mas não nos furtamos do atendimento online, coisa que pouco importa ao governo, que por força do TJ declarou a greve ilegal, ilegítima. E hoje está acontecendo no momento audiência de conciliação para resolver a situação de nossa greve, que é legítima, que é pela vida. 




Falam em volta às aulas, como se tivéssemos parado, nós professores, de lecionar. Façamos, pois, uma breve retrospectiva: 

Fevereiro de 2020: Inicia-se o ano letivo "normal", presencial.

Março de 2020: O dia 17 foi o último dia letivo na escola. Pandemia.

Abril de 2020: Tudo parado, primeiros momentos de pandemia, mortes, o avanço no coronavírus no mundo. 

Maio de 2020: O estado inicia o ensino remoto. Retomamos o trabalho!!! 

Junho de 2020: Seguimos em trabalho remoto, escolas fechadas, todo cuidado é pouco!

Julho de 2020: Começamos a preencher tal de anexo IV e V, que funciona como relatório de atividades que desenvolvemos no ensino remoto, em casa. Seguimos trabalhando!

Agosto, Setembro, outubro, novembro: trabalhando online!! O trabalho consiste em : usar o google classroom (opção da maioria das escolas, porém com conta pessoal, dividindo turmas por conteúdo, não por professor), aplicativo conexão escola ( que era até então somente uma pasta com pet, vídeo aulas do governo, etc), receber no classroom as atividades dos alunos, corrigi-las semanalmente e dar feedback ao aluno, preencher mensalmente os anexos IV e V, elaborar atividades complementares e provas bimestrais, preencher declaração de bens e PGDI (Plano de Gestão de Desenvolvimento Individual), responder às demandas nos grupos de profs e alunos de whatsapp, etc. 

Daí apareceram as verdadeiras situações dos alunos, e também de professores: eu mesma estava sem computador e, este de onde agora digito, me foi emprestado desde julho de 2020 por uma colega (Salve, Andrea, você me salvou!). Em dezembro, meu celular que já não estava bom, parou de funcionar e fiquei até abril, acho, desse ano sem um! Muitos alunos não conseguiam ou sabiam enviar atividades pelo classroom, nem mesmo enviar por e-mail, não tinham celular individual, nem internet, e então tiveram que marcar dias presenciais na escola para pegar as atividades e até mesmo entregar o PET (Plano de Estudos Tutorado) impresso a quem mal podia pagar para imprimir um. 

Luta, luta, luta. Quem luta, educa! 

No fim do ano, as festas não tiveram o mesmo sabor, não havia viagens em família, não havia ida à casa da vó para ceia, começou-se a falar em vacina, o investimento foi global e por fim, agora em 2021, começou. E daí surgem os negacionistas, de quem não vale a pena falar, lembrar ou sequer mencionar. Se opinião política, religiosa e de time de futebol já apartava pessoa, a pandemia construiu muros indestrutíveis e, ao obrigar-nos a usar máscaras, acabou por revelar a cara de muita gente. "Brasil, mostra tua cara!"

Ufa! Volto à greve sanitária: quero e vou continuar trabalhando! este ano o PET deu uma melhorada, o governo estadual fez parceria com o google for education, ofereceu cursos aos professores para melhorar o manejo de ferramentas tecnológicas, criou e-mail institucional para profs alunos para que todos ficassem em uníssono integrados ao google classroom, ao qual o aplicativo conexão escola também foi integrado. Passamos a preencher apenas a um anexo, chamado anexo IV, ainda um relatório do cumprimento de nossas atividades remotas nos dias oficiais de trabalho de acordo com o horário da escola, criamos um horário específico para aulas online que antes eram opcionais dos profs, agora se tornaram essenciais e mandatórias para o encontro com os alunos. 

Não paramos de trabalhar e nem queremos! No entanto, dada nossa situação atual em relação à covid-19 que creio vem melhorando aos poucos, ainda é cedo para a volta presencial. Muitos argumentam que a aprendizagem dos alunos ficará defasada, prejudicada, mas antes isso do que perder a vida, não? Pois a mortalidade da doença é alta e agora, no segundo semestre de 2021 é que caminhamos para a segunda dose, uma nova variante do vírus e a possibilidade de aplicação de uma terceira dose da vacina, já que a doença e seus efeitos, por ser algo novo, ainda estão sendo entendidos e estudados pelos cientistas e infectologistas pelo mundo. E por isso, entendemos que ainda não é seguro! Muitas pessoas não tem máscaras adequadas, ou não a usam adequadamente, ou não lavam as mãos ou mesmo mantêm distanciamento. Quantas festas clandestinas e de repente, muitas cidades e estados estão já liberando bares e restaurantes para funcionarem sem limite de horário e nem de pessoas!!! 

Mais de 500 mil mortos só em nosso país e o governante da nação aparece só para falar abobrinhas, dizendo que não iria interferir na liberdade do cidadão em relação à obrigatoriedade da vacina!!! 

Daí aderimos à greve sanitária e ela foi declarada ilegal pelo TJMG. O estado foi convocando aos poucos os anos iniciais a voltar às aulas presenciais. E hoje, como resultado do julgamento de ilegalidade, somos forçados a voltar com ameaça de exoneração - demissão !!!!

Continuaremos na luta, amanhã é greve geral. Até amanhã, estamos respaldados!! Vou atualizando, acompanhe, comente, compartilhe se tiver misericórdia por essa causa e alguma simpatia pelos professores. Thanks, bye!

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