Diário do Ensino Híbrido III


"Tudo, aliás, é a ponta de um mistério... Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo"

Guimarães Rosa, O Espelho

Boa noite, e estou, ao mesmo tempo que aqui digitando, assistindo a uma live literária, tratando de contos de Nelson Rodrigues e Lima Barreto: porque a literatura é, a um tempo, alienante e denunciante.

Seguimos aí no ensino híbrido, alternando as semanas. Tive que, ontem abandonar um primeiro planejamento de aula pois me deparei com alunos que não haviam feito nenhuma atividade do PET até então. Isso mesmo, nem do primeiro, nem do segundo e vão começar agora do terceiro. Alunos olhando-me com estranheza, parecendo que nunca tinham me visto nem ouvido, e fato é que muitos ali não tinham mesmo, pois, além de não terem feito nada até então, não tinham - e suspeito que vão assim continuar - participado de uma aula online sequer. 

Para além disso, foi bom ver os alunos pessoalmente. Cresceram, muitos. Foram meus no oitavo ano, há dois anos, e agora de volta a eles, percebo-lhes diferenças tanto físicas quanto de pensamento e postura. Foram meus, eu disse... hehe modo de dizer típico de professora, e porque também sinto-me responsável por eles num todo.

O 7 de setembro foi um fiasco diante do meu medo e expectativa: saíram os apoiadores do governo, fizeram o que lhes era esperado e só. Os magistrados responderam, e segue o baile. Teve também a manifestação contra, da qual pensei em participar, porém não fui por medo. Mas prós e contras não se encontraram, pelo menos não foi noticiado. Então, aparentemente, foi uma manifestação, tanto de um lado quanto de outro, simplesmente cívica. Surtirá efeito mais à frente? Ao menos em 2022!!

O calor em Bh só vai aumentando, como se tivéssemos pulado a primavera, seguindo direto para o verão. Temperaturas cada vez mais altas no planeta, é o capitalismo a todo vapor! E eu não tenho muita esperança de que tudo vá mudar logo, que é o que precisaríamos que acontecesse, precisamente porque está nas nossas mãos. Aí, já viu. cada um por si. 

E estranhamente com tudo isso, não posso deixar de sentir um contentamento com mais um fechamento de ciclo de vida que vai se aproximando para mim. Fim de ano traz esse sentimento de renovação, de ter a oportunidade de recomeçar com o novo ano. Deve ser isso que já começo a sentir, depois de outubro, já se inicia novo ano para mim. É uma esperança que é inata, imortal, que independe das circunstancias exteriores; pois se as olho, logo o contentamento se dissipa. Olho pois, mais para mim, para dentro.

Sigo com meus tiktoks, com as críticas ou falta de elogios e curtidas. Tenho apenas visualizações em todo lugar na rede. Veem-me; algumas redes mais democráticas, acolhem, outras, para "profissionais", afastam. É o sentimento inato que me move, só por ele vou. Bye!


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