Domingo

 Ainda sinto que certas mudanças tem que ocorrer , tanto internas como externas. Sei que a vida é esse movimento constante, "mas realmente, mas realmente..." queria que parasse um instante, que tudo ficasse como num domingo qualquer que a gente reclama, reclamação que é um dia parado, dia de igreja ou dia de nada, dia de preguiça. No entanto, nao queremos excluí-lo de nossa semana: o domingo é preciso.

Parte de minha vida foi um grande domingo. Eu ansiava pelos fins de semana em que algo acontecesse. De repente, começou a acontecer tanta coisa que eu nem tinha mais controle: se eu saísse e não ficasse com alguém, a noite fora em vão, a despeito dos amigos que tinha. Eu tinha isso, uma obsessão por um amor que até encontrei, mas não soube lidar com ele. Então veio o amor domingo. E meu sogro se chama Domingos. "Isn't It ironic?"

Mas eu sou, desconfio, quase que, bipolar. Um tempo atrás me identifiquei quase que completamente com os sintomas de autismo em mulheres adultas, porém tem mais coisa aí. Debaixo de todas as minhas camadas, tem mais coisa, muito mais. Ultimamente tenho me sentido satisfeita com a vida, mas tem horas que parece que falta mais coisa, de todo tipo: material, emocional, espiritual. E já me conformei, encontrando até alegria e calma nisso, que não existe um "chegar lá", pois estamos sempre em movimento, ainda que inertes. A vida movimenta-se a despeito de nós. 

E bipolar porque percebo umas mudanças bruxas de humor, de visão, de um sentir físico também. Eu e Bruno estamos constantemente trocando de lugar: de simpático e alegre, ele por vezes está ranzinza e reclamão. Eu por outro lado, sendo amarga e depressiva, consigo incentivá-lo a seguir e evoluir. 

Fizemos dez anos de casados. Bodas de estanho ou zinco, que se molda, que fica, que permanece a despeito das intempéries. Estou formal.

O que eu diria ao meu eu criança? Não faço ideia. Talvez eu fosse enfática: ninguém vai te proteger o suficiente e nem te entender. Ou não diria nada, tentaria ficar próxima de mim criança, me proteger como pudesse. A criança machucada e medrosa ainda está aqui. Talvez eu devesse dizer a mim mesma: você vai conseguir! 

Muitas vezes suportamos fardos grandes pela fé de que o galardão vai ser grande quando for a hora. Por mais que eu esteja na busca da espiritualidade livre, certas crenças estão enraizadas e não é fácil, aliás é quase impossível, arrancar de mim todas elas, mesmo porque elas estão atreladas à minha identidade. 

Uma editora me ofereceu parceria, mas a gente tem que entrar com uma parte do cascalho. E uma outra, que publica online e imprime o livro conforme demanda, me convenceu, subi o livro para lá, mas ainda não consegui finalizar a capa e temo que sem o registro, minhas palavras sejam roubadas. Cuidado ou auto sabotagem ? Já tenho quarenta anos, chega de cuidados e medo. Chega, só que a superação deles, o basta verdadeiro leva tempo.

Takes a lot of time. 

Já tem o livro, casseta! O que eu tô esperando? Alguém para me levar pela mão?

Eu diria não, mas é exatamente isso. Bye! 

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