Pressão
Hoje eu senti a força da gravidade mais intensa em cima de mim. Uma pressão, um mal estar. Há onze anos eu me senti assim e me levaram para o hospital. Na manhã seguinte, nasceu Lídia. Temos que dessa vez, aos 40, pela graça de Deus, não esteja grávida, mas em estado grave. A depressão talvez esteja cada vez mais se alojando em mim, encontrando espaços em meu DNA para não ser notada. Mas eu a noto. Eu a vejo. Não ignoro mais, não escondo mais. Olho em seus olhos e ela sabe que não vence a guerra, mas se deleita em me ver derrotada nas batalhas.
É apenas como me sinto.
Será que a mensagem da vizinha no grupo do whatsapp foi um gatilho? Essa palavra tá em alta né, gatilho. Eu não sinto gatilhos, mas os meus pedaços que as balas atingem sempre estão por aí.
E eu dano a escrever, inutilmente. Só não é mais inútil porque é para mim e tenho que ter alguma autoestima, não? Eu faço, apenas. É como respirar, não posso evitar.
Será que a minha gigantesca vontade de hibernar estará relacionada a vontade de terminar a vida? "Jamais atentaria contra minha vida!" Brada meu moralismo cristão. Porém, porém, questiono e penso. Ah, o sono! Abraça-me Morpheus!
Estou cansada. Novamente me vejo em meio a um caos interno que tenho que parar, mas e o medo, e o medo, e o medo?
Ainda penso no leite derramado. Na morte da bezerra. Na vida que poderia ser e não foi.
E ainda não sei como estou criando uma maravilha de ser humano, meu verdadeiro amor.
"Baleia deita no sofá sendo a primeira da família, assustada ainda com aquilo, a se dar àquele luxo". Poderia ser uma frase de Vidas Secas. Mas Baleia seria a minha Lumy que, agora sem vergonha alguma ou mesmo pedir, simplesmente está dormindo em meu sofá.
A gravidade agrava minhas coisas. Estarei alucinando ou é minha pressão? Bye!
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