Encontro de almas
Os amantes, Magritte.
Solteira sempre, sozinha nunca: essa poderia ser minha máxima, mas é tosquisse dizer isso. Eu acho. Tenho contatos. E na hora que preciso, eles não estão lá. Contatos única e estritamente ... sei lá..., apesar de me chamar de meu amor, disso, daquilo. Céus, pq eu gosto de homens?
Sempre nos braços errados me sinto mais segura, mais mulher; os braços errados são os mais fortes, os mais ternos, os mais firmes, os mais aconchegantes. A falta de companhia para um sábado à noite me faz voltar à lembrança dos braços errados e especular se eram tão errados assim... por onde andam esses braços que me seguraram com tanta certeza um dia?
E existe o beijo perfeito, ah, o beijo! Nas duas vezes nessa vida em que meu coração e corpo estremeceram juntos, foi depois de um abraço: um abraço que me envolveu toda, como se eu fosse algo importante e digno. Depois, aquele afastamento lento, tal qual câmera lenta em que tudo para, até o mundo de girar. E, por fim, um primeiro contato de lábios: não língua, não sexo, mas apenas os lábios e as mãos que te seguram firme ainda, sem deslizar, sem tocar, esperando o momento certo.
E nessas duas vezes em minha vida, foram apenas isso, momentos embalsamados em minha memória, adocicados pelo doce pulsar do tempo, embalados pelas mantras que agora ouço e cultivo em minha vida de fervorosa dedicação e devoção à espiritualidade ancestral.
Eu escrevo porque é loucura expor tudo isso e seria ainda mais se não o fizesse. Sou alma nua, não sei de meios termos, preciso expor o que é verdadeiro.
Se todo mundo espera algo de sábado à noite, eu ainda mais: esmoreço e feneço a espera daquele toque firme de braços tão errados e de lábios que me selaram para sempre.

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