Cansaço


Apesar do cansaço, escrevo. Vida pós-graduação não é fácil, apesar de que fui sortuda: saí da graduação já trabalhando. Problema que estão aumentando o número de turmas, mais gente, mais trabalho, mais cansaço. Não sinto vontade de vida lá fora, esqueci as dores do coração, nem tenho tempo pra me lembrar delas, apesar do buraco que ainda (e sempre) sinto. Quando começo a pensar nisso, nisso que sou eu, os pensamentos de que tenho q preparar aulas, tirar cópia disso ou daquilo logo me tomam o pensamento. E assim eu sigo, não sendo muito gente, acordando cedo e dormindo tarde, sempre. Um hábito que criei, pra não cansar ainda mais, é dormir depois do almoço. Ajuda.

vida de professor não é ruim, é extremamente trabalhosa, sobretudo se você se preocupa com suas aulas, o conteúdo, se os alunos estão aprendendo. Volta e meio me vejo fazendo revisões, tirando dúvidas de coisas que não me perguntaram, mas sei que querem saber. Bom é isso, a gente olha o aluno e consegue saber muita coisa dele. Bom é isso também, fazer tanta coisa ao mesmo tempo, ser capaz de fazer. Mas daí, entram alunos novos, turmas novas, e eu fico me sentindo extremamente compromissada com eles. Essa é uma das razões pela qual estou pensando se realmente tento ou não o intercâmbio: troca de professor é ruim pra aluno, sempre é, a não ser que seja de tempos em tempos, e que ele já saiba dessa mudança. Mas eu sei que tenho q pensar em mim, na minha formação. Acontece que estou cheia de medos, medo de chegar lá e ficar perdida, não conseguir me manter, não conseguir me comunicar, não me fazer entender nem entender os outros. Muito medo, medo por estar indo sozinha - olha só, a solidão me metendo medo!! São muitos medos, e eu sei que vou chorar de alegria e temor caso consiga a bolsa, ainda que parcial.

O medo da solidão não mais me aflige; essa solidão de que falei acima é só pelo fato de ir sozinha para um país estranho, mas ao menos cuja língua eu estudei por nove anos, e continuo amando. Mas estudar a língua, falar com amigos é uma coisa; falar com um nativo me dá grande tensão, medo mesmo. O medo da solidão acho que assentei em mim, eu olho os casais e, infelizmente, ainda me pergunto porque não tenho isso, porque nunca tive... e, ao mesmo tempo, sinto que simplesmente não é pra mim. Não sei se estou pensando assim pra um dia ter a grata surpresa de um amor verdadeiro, ou se realmente me tornei toda fatalista. Fato é que simplesmente, até hoje, não aconteceu. Duvido até mesmo que eu tenha amado as duas vezes que afirmo ter amado: se não tinha a mesma sintonia, era mesmo amor? Não sei. Sei que dei o meu melhor, todas as vezes, todos os momentos; talvez tenha sido esse o erro, se é que há erros e acertos nisso.

Estou cansada e acho que por isso me agarro ao meu trabalho, à turma de universitários, às crianças que já me chamam de tia e me abraçam ao chegar e ao sair da aula, aos mais velhos, aos que não entendem nada e aos que sempre sabem tudo. Alunos... é, agora eu tô do outro lado. Boa noite.

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