Petrópolis

Eu lá em 2011. Ao fundo, a Catedral de São Pedro, belíssima

Petrópolis lembra as minhas avós (in memorian, ambas). Íamos todos, geralmente no final do ano ou quando dava, visitá-las: às vezes as duas, às vezes uma só. Lembro que uma época minha avó materna morava numa casa no meio de um escadão, e de lá dava pra ver uma grande montanha com uma grande pedra em cima, como se estivesse solta. Minha mãe me dizia qualquer coisa sobre aquela pedra cair e eu ficava horas olhando-a e imaginando se ela nos atingiria, se rolaria, se um dia ia mesmo cair e como. Tinha medo, mas excitação diante do fato, ao mesmo tempo. Minha avó não tinha paciência conosco, ao passo que minha mãe era toda amor, ainda o é. 

Minha outra avó era toda doce, alegre. Dava sempre uma risadinha gostosa de ouvir, deixava a gente livre, enfim. Contou-me uma história triste de como foi se casamento (arranjado), mas vivia rindo, orando, sempre falando de Deus de modo apaixonado. 

Petrópolis me lembra que eu tinha uma bola dos ursinhos carinhosos que deixei rolar morro abaixo um dia; que eu tinha uma elefoa de pano que minha avó materna transformou em travesseiro jamais usado, o que me trouxe grande sofrimento; que fiz a primeira série lá, não chegando a concluir; que grande parte da família de meu pai está lá; que eu nasci lá e quando lá vou, parece minha casa, parece que é meu lugar-futuro, pra onde devo voltar. Parabéns Petrópolis. Deixa eu postar antes que acabe seu dia de 168 anos, 16/03/2013. 

Bye. 

Comentários

Sofia de Buteco disse…
Minha vó materna transformou minha calça preferida em shorts; Deu-me, certa vez, uma caixa de bombons em forma de duendes, mas eu acreditava que eram duendes de verdade, para brincar - daí ela comeu dois e eu chorei eternamente.
Ja mais velha, recusou que eu passasse um período de tempo na casa dela a fim deu visitar o cara que amava, que estava doente de leucemia. Nunca a perdoei ("Nunca), porque ele morreu e não o vi mais por causa dela, e um pouco de meus pais. Quando ela morreu, esteve ao meu lado por cinco minutos, mas nao imaginei que era a sua partida, logo, nao me despedi, pensei que era uma visita de rotina ao hospital, mas ela teve um infarto. Foi minha fada madrinha na infancia; um pouco bruxa na adolescência; ja juventude, já não tinha o carinho por ela que tive a vida todo, por causa desses fatos, mas havia em nós algo que me ligava a ela....o cheiro dela era muito bom; a voz; o jeito como recebia as pessoas e a até mesmo sua falsidade, herdada por minha mãe. O modo como abdicou da vida para criar uma série de filhos que nao valem nada, mas, uma delas, deficiente mental e que lhe foi eterna companheira. Morou muito tempo no Tombo da Cachoeira, o lugar que pretendo comprar, quando velha, se meus primos me quiserem vender. Sinto tanto a falta dela que até dói. Foi uma mulher triste, e a tristeza nos confunde, mas era uma das melhores pessoas que conheci. Acho que tenho inveja por não ter tido o sangue dela. Beijos

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